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Você quer mesmo ser um terapeuta?

  • Foto do escritor: Dra. Ticiana Paiva
    Dra. Ticiana Paiva
  • 25 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura

Por Karoline Pereira (Psicóloga fundadora da APICE)


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Esse ano aprendi o conceito do campo fenomenológico. Talvez, não tão profundamente, mas acho que o suficiente para entender o recado.

Em sala de aula, costumo brincar com meus alunos que tal hora eu brigo com esse tal campo fenomenológico. E por que?

Porque ele é um verdadeiro passador de coisas na cara!

Se você está vivendo uma crise existencial com sua carreira, algum cliente virá com uma demanda muito próxima a sua... Também pode ser um conflito com um amigo muito querido, ou com seus pais, namorado, etc... Vai ser jogado na sua cara em algum momento, eu te garanto!

E o terapeuta fica como? Não sei vocês, mas tal hora eu fico puta. Rsrs. Maaaas, brincadeiras a parte, isso é muito sério! 

Pelo menos, dentro da minha abordagem, precisamos muito das nossas próprias vivências e experiências para acessar os clientes. Para que eu consiga compreendê-los, preciso estar integrada e aberta para o que for emergir. E isso, é um risco! Porque eu nunca sei o que vai aparecer e pode ser que apareça (muitas vezes é o que acontece) demandas muito próximas do que eu estou vivendo.

Por um lado, isso pode ajudar a me conectar mais facilmente com meu cliente. Por outro lado, pode ser o principal motivo de eu não me conectar e ainda atrapalhar o processo. 

Como assim?

Quando as demandas são muito próximas, mas que ainda não paramos para olhar para elas (as nossas própria demandas) podemos nos perder na história do outro. Ou temer entrar naquele lugar com o outro. Ou simplesmente nos fechar por completo porque dói demais em nós e não conseguimos olhar...

Mas então, o que fazer?

Terapia e supervisão. Simples. Mas não tão fácil. Entrar no universo do cuidado humano requer muitos cuidados com quem nós somos. Quando estamos bem, parece muito tranquilo, mesmo que testemunhamos muito sofrimento. Conseguimos conduzir nossa vida de forma tranquila e leve.

Quando as coisas estão um pouco bagunçadas na nossa vida (vai acontecer, aceite isso. Mas temos que trabalhar certo?) podemos ter mais dificuldade em conseguir escutar e acessar nossos clientes. Até certo ponto, tudo bem, mas não podemos negligenciar isso se quisermos oferecer um serviço de qualidade.

Lembre-se, você também é uma pessoa que se relaciona, que tem medos, preocupações e que vive para além do trabalho. Você também precisa de cuidado. 

Nós, psicólogos, costumamos esquecer disso, tal hora...

Ser terapeuta é ser convidado para trilhar um caminho com o cliente. Nesse caminho, vamos entrar na intimidade do outro, em lugares difíceis e profundos. Só vamos seguir a jornada se conhecermos bem nossos lugares difíceis e profundos e quem nós somos. Até podemos ficar meio confusos, as vezes, ou um pouco cansados... Mas, precisamos ter fôlego para acompanhar o mergulho do cliente e coragem para continuar mergulhando dentro nós mesmo. Porque se você quer ser um terapeuta, esse mergulho nunca para e se torna uma ferramenta de trabalho. Precisa sempre ser atualizado.



 
 
 

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